Ciência: Refuta Ela a Bíblia?Alan Feuerbacher
A completa falta de compreensão da Ciência por parte da Watchtower Society, e o fato de ao mesmo tempo fingir que percebe do assunto, foi um dos fatores principais que me abriram os olhos quanto à sua verdadeira natureza.
[N. do T.: no original em inglês, em vez de "orbita em torno do sol" está "rotates around the sun".] Pormenor que revela a falta de familiaridade do autor do livro com a Ciência e com a sua terminologia: o termo "rotate" [rodar ou rotação] só é usado pelos astrônomos para descrever o movimento de um corpo em torno do seu próprio eixo, enquanto "revolve" [translação ou orbitar] refere-se a um corpo movendo-se em torno de outro corpo numa órbita. Assim, a terra tem um movimento de translação à volta do sol e um movimento de rotação sobre o seu próprio eixo.
E isso é exatamente o que a Watchtower Society diz sobre os argumentos das pessoas que não concordam com ela. Notemos que o livro mais tarde volta a este assunto para tentar responder às acusações feitas contra Galileu. Mas fá-lo à sua maneira habitual: constrói argumentos falaciosos do tipo straw man e depois refuta-os.
Nem sempre. Às vezes a Bíblia reflete claramente os equívocos das pessoas daquele tempo. Por exemplo, pode provar-se de forma conclusiva que não existe evidência física que apoie um dilúvio global, portanto a história descrita em Gênesis -- se é que está relacionada com um acontecimento real -- descreve na melhor das hipóteses uma grande inundação local que se tornou numa lenda.
Haveria muito a dizer sobre isto, mas notemos apenas que o filósofo grego Anaximandro (c. 6.º século A.E.C.) também pensava que a terra estava suspensa sobre o nada. Ele concebia a terra como um cilindro, suspenso sobre o nada no centro do céu, que era uma esfera oca que rodeava a terra. [w80 01/10 p. 11] Portanto, a referência da Bíblia à terra suspensa sobre o nada não é única. Veremos também que todas as referências à forma da terra que encontramos na Bíblia indicam uma forma plana, circular -- não uma esfera. Portanto, se a referência da Bíblia a Deus "suspender a terra sobre o nada" é literal, não está muito longe da idéia de Anaximandro.
Este é um dos piores argumentos da Sociedade acerca de como a Bíblia é consistente com a ciência. A palavra hebraica traduzida por "círculo" dificilmente significa outra coisa além de "círculo", e na Bíblia só significa círculo. Na Bíblia nunca significa "esfera". Quando analisamos todas as referências bíblicas a respeito da forma da terra, encontramos sempre a mesma imagem: a terra é uma estrutura plana, circular (como uma pizza) com a cúpula do céu suspensa sobre ela como uma tenda. O que a Sociedade fez foi tirar proveito da circunstância de a palavra inglesa "round" [assim como a palavra portuguesa "redonda"] poder descrever tanto uma esfera como um círculo. Além disso, o argumento da Sociedade ignora o fato de muitos dos homens da antigüidade saberem perfeitamente que a terra é esférica. Quando lhes convém, os escritores da Watchtower até reconhecem isto. A revista Awake! [Despertai!] de 22 de Dezembro de 1977 (p. 17) reconheceu que o matemático grego Pitágoras, do 6.º século A.E.C., sabia que a terra é esférica. Muitos outros pensadores gregos também o sabiam, incluindo Anaxágoras (5.º século A.E.C.), Aristóteles e Aristarco (4.º século A.E.C.), Eratóstenes (3.º século A.E.C.; ele de fato mediu o diâmetro da terra com um erro de apenas 12% em relação ao valor correto), Hiparco (2.º século A.E.C.), e Ptolomeu (2.º século E.C.). Existe até evidência de que os antigos Sumérios, cerca de 2000 A.E.C., sabiam que a terra é esférica. Portanto, mesmo se escritores da Bíblia tiveram em mente a verdadeira forma da terra, isso não prova nada quanto à inspiração da Bíblia pois outros povos da antigüidade também conheciam a verdadeira forma da terra. O que é que a Bíblia realmente diz acerca da forma da terra? A Bíblia não diz que a terra é esférica. Muito pelo contrário, todas as referências indicam, conforme disse acima, uma forma plana, circular, como uma pizza. Vejamos o que alguns textos dizem, para ficarmos com uma idéia geral. Na Tradução do Novo Mundo, Daniel 4:10-11 relata o sonho de Nabucodonosor:
A palavra "midst" significa "meio" ou "centro". De forma análoga, outras versões da Bíblia dizem "uma árvore no meio (ou centro) da terra". Este versículo diz que a árvore era visível até à extremidade da terra inteira, e portanto descreve uma terra plana, circular. A árvore ficava situada no centro e tinha o seu topo nos céus de forma a ser visível de qualquer ponto da terra. Isto seria impossível numa terra esférica. Mas a descrição é completamente consistente com a idéia de que Deus "mora acima do círculo da terra". Daniel 4:10-11 descreve uma visão dada por Deus a Nabucodonosor, e a Sociedade diz que essa é uma das principais profecias da Bíblia. Por que razão daria Deus uma profecia de tal importância transmitindo uma imagem incorreta da forma da terra? Se Daniel e os seus contemporâneos tinham uma imagem mental da terra como uma esfera, e a visão apresentava a terra como uma esfera, qual era a parte da terra que podia ser chamada "o centro"? Como é que uma árvore, por muito alta que fosse, podia ser visível até às extremidades da terra? Se Daniel tinha uma imagem mental da terra como uma esfera, e a visão apresentava a terra como um círculo plano, com uma árvore no centro, não iria isso confundir Daniel e os seus leitores? A conclusão lógica é que a imagem mental que Daniel tinha acerca da forma da terra e imagem transmitida pela visão eram consistentes uma com a outra, e portanto a Bíblia sugere a idéia que os seus escritores tinham acerca da forma da terra. É uma área plana, circular, suficientemente larga para conter todos os reinos que os escritores da Bíblia conheciam, sendo os céus uma abóbada hemisférica colocada sobre a terra, de forma semelhante à imagem presente na mitologia grega. Se alguém disser que esse texto está apenas a usar linguagem pitoresca, então também se pode igualmente argumentar que Isaías 40:22 também está a fazer o mesmo. The Interpreter's Bible [A Bíblia do Intérprete] argumenta de forma similar:
A imagem que encontramos em Daniel é ainda reforçada pelo relato em que Satanás tenta Jesus. Mateus 4:8 diz:
Mais uma vez, a imagem é que todos os reinos do mundo podiam ser vistos a partir de uma montanha suficientemente alta, coisa que não é possível numa terra esférica. Se não era esta a imagem que se queria transmitir, então porque foi usada? O Diabo podia ter mostrado a Jesus todos os reinos do mundo a partir de qualquer outro lado. Tendo em mente esta imagem de uma terra plana, circular, note como Isaías 40:22 faz todo o sentido:
Este texto e a imagem de uma terra plana, circular, com um tecto por cima, também faz sentido se considerarmos a forma como outras traduções da Bíblia apresentam esses versículos. Estes exemplos são típicos:
Não existe nada em Isaías 40:22 que contrarie a imagem de uma terra plana e circular. Outros textos apresentam uma imagem similar. Jó 22:14 diz a respeito de Deus:
Jó 37:18 diz que os céus são duros como um espelho de metal:
Quanto a ver a abóbada do céu como uma fina folha de metal, Isaías 34:4 menciona:
The Interpreter's Bible [A Bíblia do Intérprete], Vol. 5, diz o seguinte a respeito das palavras de Isaías 40:22:
É claro que o céu é imaterial. Aquilo que nos parece uma cúpula sólida sobre as nossas cabeças é simplesmente a dispersão de luz azul a partir da luz branca do sol. Muitos outros textos referem-se à terra associando-a a um círculo, e várias traduções apresentam os textos de uma forma que transmite a imagem de um círculo, não de uma esfera. Muitos destes textos podem ser encarados como estando a usar liberdades alegóricas ou poéticas para transmitir uma idéia, em vez de estarem a fazer uma declaração literal acerca da forma da terra ou da composição da cobertura da terra. Mas esse é exatamente o ponto no caso de Isaías 40:22. De fato, esse texto não tem sentido absolutamente nenhum se for interpretado de forma completamente literal e pensando que Isaías tinha em mente uma terra esférica: a idéia de que Deus se senta "acima" da terra esférica significa que ele está lá fora algures no espaço, e está mesmo algumas vezes diretamente por baixo das pessoas que estão numa certa parte da terra, e outras vezes está ao lado. É verdade que podemos interpretar a expressão "acima" como sendo alegórica, mas isso desfere um golpe mortal na alegação de que as palavras de Isaías provam que ele sabia que a terra é esférica. O livro de Jó, nos textos citados acima, obviamente usa tanto linguagem figurada como literal; quaisquer conclusões que mostrem qual das duas está a usar num caso particular estão abertas a muita controvérsia e serão influenciadas pelos preconceitos de quem estiver a argumentar. Por outras palavras, a Bíblia não pode ser usada para provar nada sobre o que os seus escritores acreditavam a respeito da forma da terra. À luz de todos os textos bíblicos que falam de uma terra circular, céus como um espelho de metal fundido que pode ser enrolado, e a ausência de um contexto definitivo para Isaías 40:22 que mostre que se refere a uma esfera, não podemos afirmar que esse texto diz que a Bíblia é esférica. Portanto, Isaías 40:22 não pode ser usado para provar que os escritores da Bíblia foram divinamente inspirados. A questão acerca do que Isaías 40:22 realmente quer dizer, ilustra o fato de que pode haver mais de uma interpretação para o que um escritor da Bíblia está realmente a dizer. Ao descrever a sabedoria, Provérbios 8:27 diz, segundo a Tradução do Novo Mundo:
The Interpreter's Bible [A Bíblia do Intérprete] comenta (Vol. 4, p. 832):
De modo similar, pode mostrar-se que muitos outros argumentos da Sociedade acerca da inspiração da Bíblia baseiam-se em wishful thinking [o que eles gostariam que fosse verdade].
A única coisa que não é completamente óbvia no texto citado é a idéia de que as águas retornam ao local de onde originalmente saíram. Mas mesmo isto não é uma afirmação particularmente surpreendente. Deixo ao cuidado do leitor descobrir porquê.
Aqui deparamo-nos com uma das falhas típicas da Watch Tower Society: atribuem a uma fonte muito mais autoridade do que ela merece, citando fontes desatualizadas e afirmando que as descrições obviamente poéticas de algumas passagens da Bíblia são de alguma forma cientificamente exatas. Quando verificamos a nota " 2 " na seção das referências do livro gm [p. 191], descobrimos que a citação foi tirada de The Book of Popular Science [O Livro da Ciência Popular], da Grolier, publicado em 1967. Um livro cujo título contém as palavras "ciência popular", por definição, não é um "manual de geologia" [N. do T.: o original do gm, em inglês, diz que o livro da Grolier é um "geology textbook", expressão mais específica do que aquela que aparece na edição brasileira: "compêndio de geologia".] Qualquer pessoa que discorde disto é ignorante a respeito da ciência e da indústria livreira. É óbvio que o autor do livro gm tenta arranjar apoio para o seu argumento atribuindo à sua fonte mais autoridade do que ela merece. É claro que isto, por si só, nada diz acerca da exatidão da fonte citada. Contudo, em seguida reparamos na data da fonte: 1967. Nos anos 60, a ciência da geologia passou por uma revolução centrada na teoria conhecida como "placas tectónicas". Em 1967 a ciência das placas tectónicas ainda estava a ser trabalhada por vários geólogos em muitos fóruns, incluindo jornais científicos padrão. As descobertas definitivas, que foram publicadas no fim das décadas de 1960 e 1970, não passaram para as obras populares senão muito mais tarde, e muitas destas só se tornaram disponíveis na década de 1980. As obras populares de 1967 ainda refletiam o fato de os cientistas até essa data só terem uma idéia muito vaga quanto à origem das montanhas e assim por diante, e tanto quanto se sabia, as montanhas e os vales subiam e desciam esporadicamente sem nenhum motivo. A citação da Watch Tower Society reflete muito bem essa ignorância. Por exemplo, em 1967 os livros "populares" sobre geologia não tinham idéia nenhuma de como as ilhas do Hawai -- uma cadeia vulcânica gigantesca que se estende desde a grande ilha do Hawai até à península de Kamchatka -- se formaram. Mas os geólogos estavam a trabalhar e posteriormente descobriram. Serão dadas referências a pedido. Naturalmente, a Watch Tower Society e o livro popular que eles citaram não sabiam nada acerca destes desenvolvimentos. Porque será que a Sociedade escolheu citar um livro desatualizado, se em 1989, quando o livro gm foi publicado, já estavam disponíveis muitos livros bons sobre as placas tectónicas? Por fim, o leitor pode considerar a idéia extremamente óbvia da Bíblia de que as montanhas subiram e os vales desceram, e que no passado as "águas" cobriram-nos. Novamente, se o leitor precisar de uma explicação acerca de porque isto é óbvio, eu dá-la-ei de bom grado.
Waw. Tantas palavras para descrever um conceito tão simples: a maioria dos cientistas e a Bíblia concordam que tudo teve um princípio. A maioria das civilizações antigas também concordam que tudo começou num certo momento. E daí? Será que os escritos e as lendas dessas civilizações foram inspirados pelo Deus da Bíblia? É claro que não. Então, porque é que alguém argumentaria que uma lenda em particular -- a versão da Bíblia a respeito das origens -- tem de ser encarada de modo diferente?
Este é um exemplo absolutamente clássico de um escritor que joga com a ignorância dos seus leitores para "provar" o seu ponto. O autor do livro gm escreve como se a Bíblia falasse sempre de "lepra" em termos da doença conhecida hoje como "lepra" ou doença de Hansen. Isto está longe de ser verdade, conforme o autor da Watch Tower Society sabe perfeitamente. Uma breve análise a todas as descrições que a Bíblia faz da "lepra" mostra que se trata de uma ampla variedade de doenças humanas, bem como outras coisas infecciosas, que podem infectar não apenas pessoas mas também roupas e casas. A doença conhecida hoje como "lepra" é extremamente não-infeciosa e tem sintomas muito bem conhecidos. A maioria destes sintomas não são consistentes com as descrições bíblicas. Além disso, as pessoas podiam recuperar-se da "lepra" de que fala a Bíblia, ao passo que a lepra "verdadeira" era incurável antes do advento das drogas modernas. Ninguém sabe o que a lepra bíblica realmente era, apenas sabemos que quase de certeza incluía a doença de Hansen. No caso de lidar com a "lepra" em casas e roupas, o teste bíblico era olhar para o item infectado ao longo de um certo período de tempo e observar se a "lepra" se espalhava. Se se espalhava, o item devia ser destruído. O mesmo se passava no caso da lepra em humanos: se se espalhava, a pessoa era isolada e se desaparecia a pessoa fazia uma cerimônia e era declarada limpa. O ponto principal é que as descrições bíblicas de "lepra" são talvez consistentes com alguma compreensão da propagação da doença através de contato entre humanos, e refletem a observação simples de que casas e roupas podiam ficar infectadas com algo que se podia espalhar ou desaparecer, mas o livro gm não mostrou que isto é resultado de conhecimento divinamente inspirado. De fato, as referências a lepra em casas e roupas refuta essa suposição.
Dificilmente se poderá afirmar que "cava um buraco e enterra os teus excrementos" é uma mensagem divinamente inspirada. Tal afirmação está a par com o resto das "instruções divinas" da Sociedade. O fato é que mesmo em tempos antigos as pessoas sabiam e muitas vezes implementavam boas práticas de saneamento. Os romanos tinham excelentes sistemas de canalizações, incluindo esgotos para dejetos humanos. A palavra inglesa "plumbing" (canalização) vem do latim "plumbum" que significa chumbo, o metal a partir do qual os romanos faziam a maior parte das suas canalizações. Os habitantes de Minos (Creta) da antigüidade, já em 1600 A.E.C. tinham canalizações dentro de casa e bons sistemas de esgotos. Se os israelitas estavam a marchar pelo deserto durante 40 anos, não é muito surpreendente que alguns deles se queixassem devido aos excrementos espalhados por todo o lado e depois conseguissem que fosse feita uma lei que dizia "enterrem isso!"
Mais uma vez, dizer que uma sugestão para se acalmar tem de vir necessariamente de Deus, é forçar os fatos.
Aqui a Sociedade resvala para terreno altamente sensível. Porque é que os líderes das Testemunhas de Jeová no passado ensinaram que eram anti-bíblicas as afirmações dos médicos de que as vacinas eram benéficas para a saúde? Por causa da maneira em que o Corpo Governante interpretava certos versículos da Bíblia. O mesmo se pode dizer quanto ao ensino deles sobre os transplantes de órgãos, a idéia de que o coração literal era a sede das emoções, a afirmação de que a personalidade de uma pessoa residia no sangue, a alegação de que Deus mantinha o seu trono na estrela Alcyone, na constelação das Plêiades e a alegação de que Cristo voltou em 1874 e que "os santos" tinham sido ressuscitados em 1878. Estão a acusar os outros daquilo que eles próprios são culpados. De fato, o argumento do livro gm fornece um bom exemplo de como "provar" algo, ignorando tudo aquilo que é inconveniente:
Este argumento parece muito convincente para muitas pessoas hoje, que estão a par dos satélites espaciais e das viagens à lua. Mas no tempo de Galileu, muitos religiosos ignorantes só tinham as palavras da Bíblia para se guiarem. Não diz a Bíblia que Deus criou a terra em seis dias, que a terra está fixa nas suas fundações, que o sol se levanta e se põe e que Deus criou especificamente cada espécie animal? Quantas destas afirmações, entre muitas outras, podem ser devidamente avaliadas sem a ajuda de ciência sólida? A resposta é: poucas.
Mais uma vez, vemos a Sociedade a tomar a liberdade de interpretar algumas passagens da Bíblia como sendo figurativas e outras como literais. Note que não é assim tão fácil para alguém que lê a Bíblia de forma literal lidar com o que Jó 38:6 diz acerca da terra:
Será que esta passagem está a falar da permanência da terra? Como é que alguém pode saber ao certo? Quando outras passagens são examinadas de forma similar, torna-se óbvio que a Sociedade está pronta a interpretar as passagens da Bíblia de forma literal ou figurativa, não com base num método sistemático, mas arbitrariamente e baseada no seu entendimento presente da "ciência".
O primeiro erro neste tópico surge imediatamente: "a evolução" não é uma teoria homogênea esculpida na pedra de forma acabada por alguma autoridade. É um conjunto de idéias e teorias acerca de como a vida veio a ser o que é. A subsecção dessa teoria freqüentemente mencionada como "as origens", é distinta da subsecção por vezes chamada "descendência com modificações". Só alguém completamente ignorante em ciência -- ou alguém com intenções de enganar os seus leitores -- iria misturar todas as subsecções numa grande "teoria da evolução" -- não existe tal coisa. Muitos "evolucionistas" rejeitam todas as idéias atualmente conhecidas acerca das origens e ficam-se pelas teorias de "descendência". Outros certamente avançam as suas idéias acerca das origens mas admitem candidamente que são especulativas. O escritor do livro gm cai na falácia lógica, que é muito comum, de assumir que existem duas e só duas explicações mutuamente exclusivas para algo, que uma delas tem de estar completamente correta e a outra completamente errada. Esta é a armadilha do 'pensamento a preto-e-branco', na qual caem tantas pessoas religiosas.
Não necessariamente. Usando o mesmo tipo de lógica que o escritor do livro usa para explicar os problemas de uma interpretação literal das passagens acerca de "o sol ficar parado", é fácil "mostrar" que Gênesis é consistente com a teoria evolucionária da descendência com modificações. Gênesis não dá nenhuma escala de tempo para os dias criativos, e é muito possível que Deus tenha criado de forma especial muitos tipos de criaturas, uma de cada vez, ou que tenha criado poucos tipos que evoluíram gradualmente até aos muitos que vemos hoje, bem como o grande número de formas extintas do registo fóssil, ou até que ele tenha criado apenas um tipo no princípio, que depois evoluiu até todas as coisas vivas que vemos hoje. Até é possível que Deus tenha simplesmente criado as condições sob as quais a vida podia ter surgido mais ou menos por si só. Em todos estes casos Deus ainda é o criador último e o autor da vida. Além disso, a maioria dos cientistas acha que a ciência não está numa posição de dizer seja o que for acerca das origens últimas. O registo fóssil certamente mostra uma longa história da vida, na qual muitas formas surgiram e se extinguiram, sendo substituídas por um conjunto de formas inteiramente novo. Algumas destas formas existiram durante milhões de anos. Os escritores da Watchtower parecem desconhecer tudo isto.
Essa é uma noção extremamente vaga e nenhum religionista conseguiu dar uma definição razoável de "espécie". No Lago Vitória, em África, existe uma população de peixes chamados "cichlids", que é uma categoria geral formada por dezenas de espécies. Estas espécies variam muito em forma física e em hábitos. Algumas comem vegetação, outras são predadoras. Uma espécie só come as escamas de outros peixes, que consegue obter mordendo-os de lado. Outra espécie só come os olhos de outros peixes; precipita-se sobre eles e morde o olho até o fazer sair. Nenhuma das várias formas acasala com as outras. Aparentemente todas descenderam de uma população ancestral que ficou isolada no Lago Vitória uns 10.000 anos atrás, aproximadamente no fim da última era glaciar. Se isto não é "descendência com modificações" de forma a produzir novas espécies, então não sei o que será. Ninguém conhece limites para tais modificações, especialmente se estiverem envolvidos milhões de anos em vez de apenas poucos milhares.
O que o escritor quer dizer é 'examinemos o que a Sociedade deixa a ciência saber.' Tal e qual como a Igreja Católica e Galileu.
Exatamente como os peixes "cichlids" do Lago Vitória. Os "cichlids" têm muito mais variação do que os tentilhões das Galápagos.
Isto é correto. Darwin e outros teóricos daquele tempo basearam estas idéias na seqüência física muito óbvia que vai dos peixes até aos répteis e depois até aos mamíferos, e assim por diante. É claro que, dito deste modo, é uma simplificação extrema. Seja como for, a ciência da genética confirmou muito bem as seqüências físicas aparentes, pois quanto mais distantes em termos de parecença física ou em termos de tempo, forem duas espécies de criaturas, tanto mais diferentes são geneticamente. Por exemplo, o ADN dos chimpanzés e o dos humanos é 99% idêntico. Eles são obviamente constituídos fisicamente de forma muito similar e a evidência fóssil indica que houve um ancestral comum há cerca de 6 milhões de anos. As rãs são outro caso interessante. Existem milhares de espécies, e diferem umas das outras em termos físicos e genéticos muito mais do que os chimpanzés e os humanos. Eles também já andam por cá há uns 300 milhões de anos e tiveram muito mais tempo para se diversificarem geneticamente.
Esta é uma frase típica da Watchtower. Como a Bíblia não diz absolutamente nada sobre isso, não pode estar 'em desacordo' com seja o que for que se diga sobre esse assunto.
É claro que a Sociedade apresenta logo uma explicação para as seqüências de humanos e criaturas semelhantes a humanos que se vêem no registo fóssil. Adiante veremos uma explicação quanto ao lugar que ocupa na história da humanidade o rapaz Homo erectus com dois milhões de anos, que foi encontrado em África em 1984, um rapaz cujo corpo era muito semelhante ao de um humano atual exceto por ser muito mais robusto, mas cuja cabeça era completamente mal-formada pelos padrões actuais e que tinha um cérebro com menos de 2/3 do tamanho do cérebro de um humano moderno.
Não, mas alguns peixes "cichlids" evoluíram e tornaram-se herbívoros e outros tornaram-se predadores. Como é que isso poderia acontecer se as "espécies" fossem absolutamente imutáveis?
É verdade, mas a razão pela qual essa prova não foi apresentada é que, em princípio, não pode ser apresentada. Nenhuma ciência histórica pode apresentar provas no mesmo sentido em que as assim chamadas 'ciências duras' apresentam. Não podemos fazer experiências com acontecimentos passados; só podemos tentar interpretá-los e apresentar uma explicação razoavelmente consistente. Pela mesma ordem de idéias, ninguém pode provar grande coisa acerca da Bíblia ou acerca do que ela diz sobre coisas que não foram encontradas no registo arqueológico. Vemos aqui uma duplicidade de critérios por parte da Sociedade.
Mais uma vez deparamo-nos com uma simplificação grosseira que chega ao absurdo. Que as coisas vivas evoluíram, no sentido de a população das coisas vivas ter mudado radicalmente ao longo do tempo, foi provado de forma tão conclusiva quanto é possível numa ciência histórica. Rejeitar isso é rejeitar toda a ciência. É verdade que muitos cientistas afirmam que Deus não existe e que a vida surgiu inteiramente por si mesma (e isto não pode ser provado de nenhum modo), mas estes dois conceitos -- a evolução da vida e a sua origem -- são conceitos independentes. Os escritores da Watchtower dependem da ignorância dos seus leitores para levarem avante o tipo de "raciocínio" apresentado no livro.
Humm. Parece que "outros" têm o mesmo problema de muitas Testemunhas de Jeová: acreditam em algo que tem sérios problemas apenas porque isso é popular entre os seus associados.
Mais uma vez vemos aquele tipo de pensamento a preto e branco.
Este é um argumento extremamente comum que tem sido popularizado largamente pelos criacionistas "científicos" [que acreditam que a terra foi criada em seis dias literais]. Darwin propôs que a evolução da vida teria de ser extremamente gradual. Contudo, os paleontólogos desenterraram muita evidência de que a vida evoluiu a ritmos extremamente variáveis, desde praticamente nenhuma mudança ao longo de milhões de anos até ao ritmo extremamente rápido observado nos peixes "cichlids" do Lago Vitória. O registo fóssil está tão disperso no tempo que é improvável encontrar um registo de evolução extremamente rápida; ainda assim, tais registos foram descobertos. Por exemplo, foi proposto há muito tempo que alguns répteis evoluíram até se tornarem mamíferos. É claro que a verdadeira história é muito mais complicada, e eu apenas farei uma bordagem superficial, dando um exemplo de mudança que está documentado no registo fóssil. Formas primitivas de répteis tinham um maxilar formado por quatro ossos. Também tinham um osso do ouvido. Ao longo de um período de uns 100 milhões de anos apareceram novos animais que tinham cada vez mais características de mamíferos, que têm um osso no maxilar e três nos ouvidos. Espantosamente, dois dos ossos do maxilar do réptil aparentemente migraram para a cabeça e tornaram-se ossos do ouvido em vários tipos de animais durante este período, e outro osso desapareceu. Não é possível, diz o leitor? Bem, os cangurus, os "bandicoots" e os ouriços caixeiros têm um tipo de migração de ossos similar durante o seu desenvolvimento embrionário. Até foram descobertos fósseis de animais que têm dois sistemas de maxilares funcionando lado a lado, um deles semelhante ao sistema antigo e outro semelhante ao novo. Para detalhes acerca disto, consulte:
Em seguida, repare no que um cientista muito conhecido disse acerca dos detalhes da evolução dos répteis para mamíferos (G. Ledyard Stebbins, Processes of Organic Evolution [Processos de Evolução Orgânica], pp. 142-148, Prentice-Hall, Inc., Englewood Cliffs, New Jersey, 1971). Ele falou daquilo a que chamou formas de transição entre várias categorias de animais, bem como a origem destas:
Aqui há um sério problema. Francis Hitching não é cientista. Ele é um escritor de programas tablóides para a televisão, é um paranormalista e é uma figura cimeira na comunidade dos videntes. Ele escreveu acerca da energia das pirâmides Maias e escreveu para alguns episódios da série "In Search Of..." ["Em Busca de..."], da televisão BBC (similares ao programa sensacionalista "Unsolved Mysteries" ["Mistérios Não Solucionados"] da televisão americana). Parece que ele aceita a evolução mas acredita que foi dirigida por uma espécie de força cósmica. A obra de referência Contemporary Authors [Autores Contemporâneos] (vol. 103, página 208) menciona-o como sendo membro da Society for Psychical Research [Sociedade para Investigação Psíquica], da British Society of Dowsers [Sociedade Britânica de Videntes] e da American Society of Dowsers [Sociedade Americana de Videntes]. Os seus escritos incluem: Earth Magic [Magia da Terra]; Dowsing: The Psi Connection [Vidência: A Ligação Psi]; Mysterious World: An Atlas of the Unexplained [Mundo Misterioso: Um Atlas do Inexplicável]; Fraud, Mischief, and the Supernatural [Fraude, Embuste e o Sobrenatural] e Instead of Darwin [Em Lugar de Darwin]. Um dos livros mais populares de Hitching foi The Neck of the Giraffe [O Pescoço da Girafa] (Ticknor & Fields, New Haven, Connecticut, 1982), A Sociedade citou ou plagiou este livro mais de uma dúzia de vezes no seu livro de 1985 intitulado Life -- How Did It Get Here? By Evolution or by Creation? [A Vida -- Qual a Sua Origem? A Evolução ou a Criação?]. O livro The Neck of the Giraffe [O Pescoço da Girafa] passa grande parte do tempo a atacar a evolução darwiniana, tomando de empréstimo muita informação, de forma indiscriminada, dos argumentos dos criacionistas "científicos". Uma revista (Creation/Evolution Newsletter [Newsletter Creação/Evolução], 7, No. 5, pp. 15-16, Setembro/Outubro 1987) disse o seguinte acerca de Hitching:
The Neck of the Giraffe [O Pescoço da Girafa] é em geral um livro muito pobre sobre o assunto da evolução. Hitching demonstra uma séria má-compreensão da ciência e de como ela é praticada. Ele também baseia muitos dos seus argumentos nos criacionistas "científicos", apesar de rejeitar a maior parte das afirmações deles. Hitching tem uma missão: promover o seu amor aos fenômenos paranormais e as suas idéias da "evolução psíquica". É legítimo perguntar: Quando um escritor religioso afirma que uma pessoa envolvida no paranormal é um cientista, o que está ele a tentar conseguir com isso?
Essa é uma referência ao livro The Neck of the Giraffe [O Pescoço da Girafa]. Ao apoiar os seus argumentos nos argumentos que os criacionistas "científicos" usam, Hitching deu um tiro no pé. Para contra-argumentos, veja as referências feitas anteriormente acerca da evolução dos répteis em mamíferos.
Outra distorção grosseira típica do livro Creation [Criação], da Watch Tower Society. Aqui eles referem-se à teoria chamada "Equilíbrio Pontuado", que foi promovida pelo paleontólogo Stephen Gould e pelos seus colegas. Esta idéia reconhece que a maior parte da mudança evolutiva é lenta ou não-existente e propõe que, sob circunstâncias pouco usuais, a evolução pode ocorrer a um ritmo extremamente rápido. Como a maior parte das mudanças não aparecerão no registo fóssil, pois a probabilidade de um animal se tornar fóssil é reduzida, o registo fóssil parece uma seqüência de fotografias de um jogo de futebol, tiradas a intervalos de 30 segundos -- falta a maior parte da ação mas o desenrolar geral pode ser inferido. Conforme mostram as referências apresentadas acima, existe muita evidência fóssil tanto para a evolução gradual como para a evolução "pontuada". Naturalmente, Darwin propôs uma teoria incompleta, que tem sido modificada à luz de desenvolvimentos posteriores. Isto não é nenhuma surpresa, pois é desse modo que a ciência se faz. A ciência não é um corpo estático de conhecimentos dados por Deus, é antes um corpo dinâmico de conhecimento sempre sujeito a modificações se e quando novas descobertas clarificam idéias ou até mesmo fazem com que idéias antigas sejam rejeitadas. É claro que algumas coisas estão tão solidamente estabelecidas que é extremamente improvável que sejam alguma dia rejeitadas. Na realidade, o que o escritor do livro gm faz é argumentar que como as idéias de Darwin foram modificadas, toda a teoria da evolução -- o que existia em 1859 e o que existe hoje -- junto com toda a evidência para os diferentes aspectos das várias sub-teorias -- deve ser rejeitada. Ele faz isto usando a noção vaga segundo a qual como a idéia de Darwin de uma evolução exclusivamente gradual teve de ser modificada para levar em conta o aparecimento no registo fóssil de evolução extremamente rápida, a idéia de Darwin devia ser rejeitada junto com as teorias mais recentes. A falácia do argumento da Watch Tower Society deve agora ser óbvia para todos os leitores.
É uma questão de opinião. O grau em que cada uma é apoiada é objecto de intenso debate.
Outra falácia do tipo non-sequitur. É claro que as criaturas vivas contêm material genético para se reproduzirem de forma exata. Mas não são 100% exatas. É por isso que acontecem as mutações.
É verdade, mas a própria natureza tem fornecido muitos exemplos de coisas que evoluíram em outras. O mecanismo exato pode ser assunto de debate, mas o fato de a evolução ter acontecido não é.
Mais uma vez, notamos que o escritor da Watch Tower Society mete tudo no mesmo saco, "descendência com modificação" -- que é fortemente indicada pelo registo fóssil -- junto com idéias acerca das origens, que admitidamente são vagas. Este tipo de procedimento permite que pessoas que são fracos pensadores acreditem que tudo o que metem no mesmo saco tem igual valor, o que é uma falácia grosseira.
Ninguém discute que essa é uma questão que ainda não teve resposta.
Outra falácia. Pasteur demonstrou que hoje e num curto período de tempo a vida não aprece espontaneamente. Ele não demonstrou nada acerca das condições que podem ter existido há muito tempo atrás, nem acerca de se a vida se pode gerar espontaneamente sob as condições apropriadas.
A maior parte deles não explica. Eles aceitam que a vida, depois de aparecer (seja como for que isso tenha acontecido), evoluiu segundo certos mecanismos até ao que é hoje. Esses mecanismos são o que preocupa 99% dos cientistas da vida hoje. Os poucos que se ocupam com uma teoria puramente não-sobrenatural das origens subscrevem o que o escritor do livro gm descreve:
Repare novamente na noção errada acerca do que Pasteur provou.
Como é que o escritor do livro gm pode apresentar esta citação e inverter completamente o que é dito, é algo que não consigo compreender. Reparem na forma desonesta como ele se desembaraça do problema:
Tendo "demolido" desta forma a teoria da evolução, o escritor do livro gm vira-se agora para um autor completamente desacreditado:
Existe uma abundância de informação disponível nas livrarias e na Internet que mostra que muitas das idéias de Denton estão erradas. Em particular, o leitor interessado pode consultar o FAQ do grupo de discussão "talk.origins" (em inglês).
Isso é verdade. Mas a explicação "evolutiva" também está em harmonia com os fatos.
Novamente, aparecem aqui uma série de problemas numa só frase. Em primeiro lugar, Francis Hitching é uma autoridade apenas, talvez, no que diz respeito aos fenômenos paranormais, vidência e outra palha que aparece em programas tablóides de televisão. Portanto a pergunta que o parágrafo faz acerca de Hitching nem sequer tem sentido. Em segundo lugar, Hitching responde de forma bem clara na página citada: "tendo rejeitado a síntese neo-Darwinista por ser inadequada para responder a estas e a muitas outras questões, e tendo rejeitado a explicação criacionista por não poder ser discutida, o que havemos então de pôr no seu lugar?" Como Hitching diz claramente que rejeita a posição criacionista porque não pode ser discutida, temos de nos interrogar acerca das capacidades de leitura e compreensão do escritor do livro gm. Mais adiante Hitching alude às suas idéias acerca da "evolução por meios paranormais", mas é muito vago (por razões óbvias) acerca do que quer dizer com isso.
O esforço para separar a religião da ciência e de tudo o resto é forte e é compreensível. Quando a religião invoca a idéia de Deus como a fonte última e depois contradiz-se na questão de qual é a origem de Deus, é evidente que os religionistas não têm as respostas definitivas para a questão das origens, não mais do que qualquer outra pessoa.
É ridículo quando os escritores da Watchtower se queixam de raciocínio circular, pois as publicações deles estão repletas de exemplos disso.
As afirmações de Denton são verdadeiras, conforme expliquei anteriormente. Isso significa que não podemos provar ou refutar nada nas ciências históricas da maneira que podemos em ciências como a física e a química. Nas ciências históricas temos uma confiança nas conclusões que é de certo modo "estatística": a melhor explicação que podemos apresentar é o melhor que conseguimos até que (ou a menos que) arranjemos algo melhor. E qual é o problema? Nenhum cientista, em contraste com dogmáticos como os membros do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová, dirá com 100% de certeza que algo ocorreu no passado. Mas isto não é um problema porque, em contraste com certos líderes religiosos, os cientistas não dizem que falam por Deus.
A Igreja Católica justificou a sua posição a respeito de Galileu dessa maneira. Para uma refutação completa do livro Criação, publicado pela Watchtower em 1985, e uma análise detalhada de muitos dos assuntos discutidos acima, veja o meu ensaio "The Watchtower Society's View of Creation and Evolution" ["A Opinião da Sociedade Torre de Vigia Sobre a Criação e a Evolução"].
Mais uma vez, encontramos uma incompreensão grosseira por parte do escritor da Watchtower, não apenas da Bíblia, mas também da ciência. Embora a Sociedade venha defendendo durante décadas a noção de que a expressão "as águas acima" se refere a uma grande massa de água acima da atmosfera, isto é facilmente refutado pelo Salmo 148:4: "Louvai [a Jeová] céus dos céus, e vós, águas acima dos céus." Que "águas acima dos céus" existiam nos dias do salmista? Apenas as nuvens. Portanto, o salmista estava a referir-se às nuvens que obviamente trazem a chuva e portanto Gênesis, ao falar das "águas acima", está simplesmente a mencionar as nuvens que trazem chuva. Infelizmente para o ponto de vista da Watchtower, a atmosfera só pode conter água suficiente para "inundar" a terra numa profundidade de uns 7 ou 8 centímetros. De modo similar, é fácil ver que Gênesis está a falar do céu quando menciona "a expansão". Esta "expansão" é simplesmente algo que se prolonga horizontalmente por uma longa distância, como "algo fundido" (note a expressão hebraica "raquia") e refere-se obviamente à aparência do céu azul. É por isso que Gênesis 1:20 menciona criaturas voadoras sobre a face da expansão dos céus. É exatamente isso que vemos quando olhamos para cima e vemos pássaros a voar através da expansão do céu.
Ah, "evidentemente". Sim senhor, que evidência tão convincente. Atendendo ao Salmo 148:4, temos de nos interrogar sobre a completa falta de capacidade de raciocínio do escritor da Watchtower. As nuvens do céu só podem conter a mesma quantidade de humidade que o ar; isto é cerca de talvez uns 7 ou 8 centímetros -- o que dificilmente chega para provocar um dilúvio global. É este tipo de desatenção quanto aos pormenores quantitativos que mete tantas vezes os escritores religiosos em problemas. Podem dizer "muitos" quando eles próprios pensam numa "dúzia", e quando a fonte original está a falar de "milhares". Sem serem específicas, as pessoas desonestas ou ignorantes cometem muitos abusos.
É apresentado o raciocínio circular do costume: o que a Bíblia diz é verdade porque alguns dos seus escritores o dizem.
O "understatement" do ano.
Correto. As estimativas variam entre 90 e 180 metros.
É verdade. Uma profundidade cerca de 2.440 metros deve estar perto do valor exato.
Isto parece impressionante até olharmos para as magnitudes e escalas de tempo envolvidas. O problema aqui é que métodos de datação extremamente sólidos indicam que estes movimentos para cima e para baixo das placas tectónicas ocorrem em períodos de dezenas de milhões de anos. A separação da América do Norte da Europa e da África durou dezenas de milhões de anos e ainda está a ocorrer. Os Himalaias têm estado a elevar-se há cerca de 20 milhões de anos. Apesar disso, o escritor da Watch Tower Society acha que isto pode ter ocorrido durante os últimos escassos milhares de anos, e em particular, cerca de 4.400 anos atrás, segundo os métodos de datação mais recentes da Watch Tower Society. Portanto vemos aqui uma discrepância de três ou quatro ordens de magnitude entre as afirmações da Watch Tower Society e aquilo que a ciência mostrou. Por essa razão, quando o livro gm cita uma fonte científica, isso é dissimulação, na melhor das hipóteses. O escritor não prova o seu argumento e a "evidência" que apresenta em seu apoio é confrangedoramente pobre.
É bom que o escritor tenha dito isso. É como dizer que eu antigamente não era tão alto como sou agora. Novamente, o problema é que não apresentam absolutamente nenhuma informação quantitativa. Sem essa informação, a especulação sobre as 'subidas' e 'descidas' não tem sentido nenhum.
Mais uma vez, encontramos afirmações acerca de mudanças mas não dizem nada acerca da escala de tempo ou acerca das mudanças físicas que isso requereria. A separação da placa da América do Norte da África e da Europa tem estado a ocorrer há mais de 100 milhões de anos, segundo métodos científicos fiáveis. Segundo a Sociedade, isto tem estado a ocorrer apenas há cerca de 4400 anos. Estamos a falar de uma discrepância de cinco ordens de magnitude.
A ignorância que o escritor mostra acerca das quantidades aqui envolvidas é simplesmente incrível. É certo que estes abismos subaquáticos são os lugares mais profundos do oceano, mas são muito raros quando comparados com a profundidade normal do fundo oceânico, que é cerca de 3.600 metros. Estes abismos só ocorrem nas fronteiras entre algumas "placas" que estão em colisão e só contêm uma fracção ínfima do volume de água nas bacias oceânicas. Além disso, os geólogos descobriram que não ocorreu nenhuma mudança de vulto na configuração dos fundos oceânicos nos tempos históricos. Pelo contrário, a configuração dos oceanos e dos continentes tem permanecido bem estável em pequenas escalas de tempo, por centenas de milhões de anos. Os continentes movem-se, mas quando o movimento ocorre à mesma taxa que as unhas crescem, não é perceptível de ano para ano. Nem em nenhuma outra escala em que a humanidade normalmente trabalha, exceto pelo uso de técnicas de medição especiais. Portanto, afirmar que o afundamento das "grandes valas" explica para onde as águas do dilúvio foram, mostra ignorância tanto a respeito das escalas de tempo em que as placas tectónicas se movem, como a respeito da quantidade de água que essas "valas" contêm.
Não encontraram nenhum vestígio precisamente porque o dilúvio não aconteceu. Repare que o escritor da Watchtower não mostrou de maneira nenhuma que tal dilúvio podia ter acontecido.
Esta idéia remonta à noção da Sociedade, anterior a 1980, segundo a qual não existiram nenhumas eras glaciares e toda a evidência em apoio das eras glaciares era na realidade evidência de um dilúvio. Repare que mais uma vez não é apresentada nenhuma evidência. Só dizem generalidades vagas. Na realidade, existe uma grande riqueza de evidência que mostra que um dilúvio global não poderia ter ocorrido em nenhum momento dos últimos milhões de anos. Existem registos históricos ininterruptos do Egito e da China que atravessam exatamente o período de tempo em que, segundo defende a Watch Tower Society, o dilúvio ocorreu. Teríamos de mandar borda fora toda a ciência da geologia se os geólogos fossem incompetentes a ponto de interpretarem tão mal a evidência. Consideremos apenas um exemplo: O leitor certamente notou, pelo que foi dito acima, que se a terra fosse completamente nivelada, os oceanos cobri-la-iam numa profundidade de cerca de 2.440 metros. Isso estabelece um limite de cerca de 2.440 metros para as montanhas mais altas que podiam ser cobertas pelas águas do dilúvio. Mas existem muitas montanhas que são muito mais altas do que isso! Então, isso significa que todas as montanhas que são mais altas do que 2.440 metros devem ter-se formado depois do dilúvio. Isso significa que os Himalaias, os andes, as montanhas rochosas e muitas outras só existem há alguns milhares de anos. Mas há muita evidência que prova que essas montanhas têm milhões de anos. Que evidência é que a Sociedade deu para as suas afirmações a respeito da altura das montanhas? Zero. Considere também a ilha grande do Hawai. É a maior montanha do mundo, se medida desde a sua base no fundo do Oceano Pacífico. Tem uns 9.000 metros de altura e quase 500 quilômetros de largura. Tem cerca de um milhão de anos é apenas a mais recente de uma cadeia de vulcões que se estendem até à península da Kamchatka, a milhares de quilômetros de distância. Alguns destes vulcões têm estado a afundar-se no oceano. Se a Ilha Grande já existisse antes do dilúvio, então parte dela ficaria entre 3.000 e 6.000 metros acima das águas do dilúvio. A alternativa é que esta massa gigante de lava tenha crescido desde praticamente nada até se tornar na maior montanha do mundo em cerca de 3.000 anos! Mais uma vez, a Sociedade não apresenta nenhuma evidência de que tal coisa pudesse ter ocorrido. O escritor do livro gm provavelmente desconhece por completo este tipo de problemas.
Embora estas afirmações sejam verdadeiras, não têm nada que ver com a questão de saber se os conhecimentos atuais estão corretos. Seguindo essa lógica, tudo o que a Watch Tower Society ensina agora é suspeito devido a todos erros que eles fizeram no passado. Mais uma vez, notamos uma duplicidade de critérios -- um critério para a Sociedade e outro critério para todos os restantes. Também notamos que mais uma vez o escritor da Watchtower não apresenta nenhuns dados que fundamentem a sua alegação, apenas vimos argumentos genéricos acerca de como "as pessoas podem estar erradas".
Este é um mito comum espalhado por pseudo cientistas e charlatães em geral. Remonta ao fim do século 19 e foi largamente investigado por um tal Henry Howorth, um geólogo excêntrico que não conseguia pensar noutra interpretação para a descoberta de grandes animais congelados no Árctico, a não ser uma grande catástrofe. Infelizmente, Howorth e outros interpretaram de forma muito incorreta a evidência e pensaram que foram instantâneos os acontecimentos que desde então se provou terem ocorrido ao longo de uns 30.000 anos. As extinções mencionadas duraram pelo menos 8.000 anos. Por exemplo, uma espécie de mamute anão ainda vivia em certas ilhas mediterrânicas há apenas 4.000 anos, enquanto o seu 'primo', o mamute da Sibéria, morreu uns 6.000 anos antes disso. Na verdade, não existe qualquer evidência de que num único ponto do tempo um elevado número de grandes mamutes se tenha extinguido, e que tenha havido em simultâneo uma mudança súbita no clima. Houve certamente uma mudança no clima entre cerca de 18.000 e 10.000 anos atrás, durante a qual muitos animais se extinguiram, mas isso foi uma tendência para o aquecimento, que assinalou o fim da última era glaciar. Não existe absolutamente nenhuma evidência para as alegações da Sociedade de que "dezenas de milhares de mamutes foram mortos" simultaneamente e depois "rapidamente congelados na Sibéria". Mais uma vez, isto deve-se às horríveis deturpações de Howorth e outros. Foram encontrados alguns grandes mamutes mas depois de uma análise cuidadosa provou-se que morreram de causas perfeitamente naturais, foram gradualmente congelados, e depois descongelaram parcialmente antes de congelarem novamente. Por exemplo, a página 114 do livro gm mostra o clássico mamute congelado da Sibéria chamado Bereszovka, e comenta que ele foi "rapidamente congelado". Contudo, uma análise dos relatórios dos cientistas russos que demoraram dois anos a recuperar o cadáver mostra que este estava muito decomposto no interior. As partes exteriores estavam congeladas e suficientemente bem preservadas a ponto de alguns cães que puxavam os trenós terem comido parte da carne, mas o homem que a desenterrou apercebeu-se que a carne já estava em mau estado quando foi congelada. Um dos aspectos mais elucidativos do relatório dizia respeito ao cheiro insuportável da carcaça, que até impregnava o chão congelado das redondezas, o que prova que o cadáver se decompôs durante o processo de congelação. Talvez a melhor refutação da noção de "grandes números de animais rapidamente congelados" é a descoberta, feita em 1979, da carcaça de um bisonte congelado no Alasca. Foi chamado "Blue Babe" ["Bebé Azul"] devido aos cristais minerais azuis que se tinham acumulado na pele durante os mais de 30.000 anos que permaneceu no solo permanentemente congelado. Descobriu-se que o bisonte, de um tipo agora extinto, tinha sido morto e comido por leões. Descobriu-se que foram leões que o mataram pois encontrou-se um pedaço de dente de leão que se partiu e ficou pegado à carne congelada dos quartos traseiros. Os leões comeram a maior parte do corpo, deixando a pele e parte dos quartos traseiros. A cabeça estava praticamente intacta. Não existe nenhuma hipótese de tal coisa ter acontecido durante os eventos cataclísmicos de um dilúvio como aquele que o escritor da Watch Tower Society descreve. Para uma análise detalhada da questão do dilúvio, veja o meu ensaio "The Flood" ["O Dilúvio"].
Sejam lá o que forem estes "períodos pluviais", de certeza essa não é uma noção da geologia atual. De fato, é uma noção de idéias antigas acerca da geologia, mas foram na sua maior parte abandonadas quando a plena extensão das eras glaciares se tornou evidente durante as décadas de 1960 e 1970. Esta revolução no entendimento das causas e história das eras glaciares é semelhante à revolução causada pela noção das placas tectónicas. Para uma discussão detalhada, veja o meu ensaio "The Flood" ["O Dilúvio"]. Resumidamente, as eras glaciares aconteceram a intervalos de cerca de 100.000 anos durante os últimos três milhões de anos. Seja como for, nas décadas de 1920 e 1930, o arqueólogo Leonard Woolley descobriu na Mesopotâmia os vestígios de uma grande inundação. Infelizmente para os literalistas bíblicos, mostrou-se que esteve limitada àquela região. É muito provável que tenha sido esta inundação, ou outra grande inundação local, nas redondezas dos rios Tigre e Eufrates, que deu origem à lenda que se espalhou ao redor do mundo.
Verdadeiro por definição. Do Webster's Dictionary: "pluvial: um período prolongado de clima húmido." Essas palavras não significam nada sem uma explicação específica do escritor acerca do que quer dizer. É claro que o escritor da Watchtower não dá essa explicação.
Durante as eras glaciares, as partes da terra que não estavam congeladas eram mais húmidas do que atualmente, em grande parte porque as zonas extremamente frias eram mais secas. Assim, o sudoeste americano era suficientemente húmido para se formarem grandes lagos que duraram dezenas de milhares de anos. O Great Salt Lake [Grande Lago Salgado], no Utah, é um ínfimo remanescente do "Lake Bonneville" [Lago Bonneville], que era aproximadamente do mesmo tamanho que o atual Lago Michigan. As suas linhas de costa, que estavam cerca de 300 metros acima do nível atual do Grande Lago Salgado, podem ser vistas hoje traçadas nas montanhas à volta da grande bacia que contém Salt Lake City. Muitas outras linhas de costa também podem ser vistas, mostrando que o nível do lago permaneceu constante durante longos períodos de tempo em vários níveis. Num ponto há cerca de 13.000 anos atrás, o "Lake Bonneville" transbordou das suas margens e espalhou-se para a bacia do Snake River [Rio Cobra], provocando uma enorme inundação cujos vestígios ainda podem ser vistos hoje. A inundação aprofundou cerca de 30 metros o leito de rocha antes de diminuir, baixando o nível do lago que depois permaneceu constante o tempo suficiente para gravar uma nova linha de costa nas montanhas à volta do Grande Lago Salgado. A grande inundação que resultou do transbordar do lago deixou traços que podem ser vistos hoje em Snake River Canyon e em Columbia Gorge. Uma seqüência particularmente grande de inundações ocorreu na mesma área geral entre aproximadamente 14.000 e 12.000 anos atrás. O grande glaciar continental que cobriu grande parte do Canadá ocidental moveu-se para sul e bloqueou a entrada do Rio Clark Fork na fronteira entre Idaho e Montana. Formou-se um grande lago por detrás desta barragem de gelo, que depois rebentou provocando uma grande inundação sobre a maior parte do Estado de Washington. Essa inundação alargou drasticamente a Columbia Gorge e criou um lago que encheu a maior parte do Vale Willamette ao sul de Portland, Oregon, durante anos. No entanto, este não foi um acontecimento único, pois o gelo moveu-se novamente para sul, bloqueando o Rio Clark Fork e formando outro lago que depois transbordou novamente. Este processo aparentemente repetiu-se pelo menos 40 vezes num período de 2.000 anos. Não há qualquer hipótese de estes acontecimentos se encaixarem nas noções que a Watch Tower Society tem a respeito do dilúvio. Ignorantes como a Watch Tower Society não têm nada a dizer sobre estes assuntos.
Ah, muito bem! Uma tentativa de fazer humor. Infelizmente essa tentativa só resulta naqueles que são ignorantes em geologia. Esta tentativa falhada de humor revela bem a mentalidade daqueles que escrevem para a Watch Tower Society. A "humidade" que em tempos foi "teorizada" como tendo sido "causada por pesadas chuvas associadas com o fim das épocas glaciais" é conhecida por ter durado dezenas de milhares de anos. É por isso que lagos como o Lake Bonneville surgiram e duraram longos períodos de tempo. Mas o escritor do gm demonstra mais uma vez uma ignorância extrema a respeito do conceito de tempo ao dizer que "em uma ocasião, a extrema umidade [...] foi o resultado do Dilúvio". Com isso ele mostra que não sabe absolutamente nada de geologia nem da evidência física que está por detrás da ciência da geologia.
Note que a citação é tirada de The Genesis Flood [O Dilúvio de Gênesis], um livro escrito pelos arqui criacionistas [defensores do conceito de que a terra tem apenas 6.000 anos] Henry Morris e John Whitcomb, e que foi publicado pela primeira vez em 1961. Sejam quais forem as pressuposições de McCampbell, a declaração dele está completamente errada, à luz dos desenvolvimentos da geologia desde 1961. Note também que em 1989, quando o livro gm foi escrito, a Sociedade tinha abandonado algumas das suas idéias mais antigas acerca das eras glaciares e acerca do dilúvio, e tinha publicado várias denúncias violentas dos criacionistas que defendem uma terra de 6.000 anos -- os mesmíssimos que o livro gm invoca em seu apoio aqui! Portanto o escritor do livro gm não está apenas errado quanto à geologia, mas é inconsistente com o ensino da Watchtower em publicações anteriores! Naturalmente, a maioria dos leitores que são Testemunhas de Jeová ignoram completamente estes fatos.
Este argumento a respeito da idéia muito difundida de um dilúvio nos tempos antigos é o mais forte que a Sociedade tem. Mas está longe de ser conclusivo, e certamente não prova o argumento do escritor do livro gm. Conforme mencionado anteriormente, as duas culturas da antigüidade melhor documentadas -- a Egípcia e a Chinesa -- têm registos que remontam a mais de 5.000 anos e no entanto estes não mostram nada a respeito de um dilúvio. Isto contradiz completamente a cronologia da Watch Tower Society que coloca o dilúvio em 2.370 A.E.C., há cerca de 4.400 anos.
Errado. Há várias explicações. Uma delas é que a lenda antiga a respeito de um dilúvio veio dos Sumérios (ou de quem teve o azar de ficar atolado na inundação mesopotâmica de há 5.000 anos), era uma lenda atraente e foi automaticamente contada e recontada e passada de cultura em cultura. Tudo o que mostra é a eficácia com a qual as lendas antigas, se forem suficientemente "boas", se podem espalhar.
Só fazendo largas concessões que vão contra o literalismo bíblico, e se estivermos dispostos a ignorar detalhes em favor de noções vagas, mal definidas. O relato de Gênesis é contrariado em detalhe por ciência extremamente sólida. A única maneira de salvar Gênesis é interpretar as suas declarações de forma alegórica, exatamente como os literalistas foram forçados a fazer com as declarações acerca do movimento do sol.
Esta frase é muito mais um reflexo do estado mental do escritor do que uma avaliação objetiva da evidência. Em praticamente todos os casos em que há conflito, uma consideração cuidadosa de toda a evidência mostra que a área mais questionável é a interpretação dos que lêem a Bíblia de forma literal.
"Temos de crer". Essa é uma declaração muito clara que mostra o estado mental do escritor e é uma admissão honesta da natureza emocional do literalismo bíblico.
Note que "ciência provada" é um eufemismo para "qualquer coisa com a qual a Watchtower Society concorda", e portanto toda essa frase é um argumento completamente circular: "como a Bíblia concorda conosco, isso prova que ela é a palavra de Deus". Isto é mais um reflexo da crença da Watch Tower Society de que Deus fala através dos seus líderes. É completamente disparatado. |