Traidores e Heróis: Sociedade Torre de Vigia Branqueou a Sua História Sobre o Período da Alemanha NaziNorman Hovland
Infelizmente, nada podia estar mais longe da verdade. Erich Frost e muitos dos outros líderes da Torre de Vigia durante a era nazi na Alemanha eram na realidade traidores da pior espécie. É muito interessante ver como a própria literatura da Torre de Vigia confirma a informação que o Sr. Frost deu à Gestapo. Em 1980 a revista A Sentinela publicou a história de Ilse Unterdörfer e de Elfriede Löhr. A história da vida de Erich Frost foi publicada em 1961. A história deles é extremamente interessante porque confirma o que está escrito no protocolo de interrogação de Frost [as fotocópias dos documentos da Gestapo são apresentadas adiante]. É muito provável que Frost tenha sido recrutado como informador para a Gestapo logo em 1934, quando foi detido e liberto 10 dias depois:
Em 1935 ele foi detido novamente pela Gestapo porque os nazis precisavam dos nomes de todos os líderes da Torre de Vigia na Alemanha. Aqui está a versão de Frost sobre o que aconteceu:
Frost podia agora informar a Gestapo sobre o próximo congresso na Suíça e a Gestapo viu como podia colocar o seu próprio informador numa posição central na filial alemã da organização Torre de Vigia. Tendo recebido a informação necessária de Frost, a Gestapo conseguiu prendê-los todos, como a Sentinela confirma:
A Gestapo tinha assim colocado Frost na posição ideal e eles realmente tiveram grande sucesso porque durante o congresso de Lucerna Frost foi de fato designado por J. F. Rutherford como o novo líder do trabalho clandestino na Alemanha. Ilse Unterdörfer também foi destacada para esse trabalho. Frost declarou na Sentinela:
Claro que a Gestapo estava interessada em obter os nomes da nova liderança clandestina da Torre de Vigia, mas antes de fazer o seu trabalho deu-lhes algum tempo para formarem a organização. Frost descreve a sua detenção na Sentinela:
Frost não indica qualquer data para a sua prisão mas segundo Ilse Unterdörfer isto deve ter acontecido em 21 de março de 1937, data que ela apresenta para a prisão dela e de Frost. Frost gaba-se de ter escondido "um pequeno rolo de papel contendo informação vital no colchão da minha cama" mas isso é evidentemente uma mentira. Os protocolos de interrogação da Gestapo mostram que ele tinha traído todo o grupo de funcionários da Torre de Vigia logo em 2 de abril de 1937, 11 dias depois da sua prisão, por isso a Gestapo nunca precisou do "pequeno rolo":
Heinrich Dietschi tinha sido designado por Rutherford para assumir o controle caso Frost fosse preso:
Graças à traição de Erich Frost, a Gestapo conseguiu obter logo nesta fase inicial os nomes de todos os membros da Torre de Vigia "clandestina" recentemente designados, incluindo o acima mencionado Heinrich Dietschi. Os documentos da Gestapo mostram que Frost revelou a lista de todos os nomes e identificou os distritos a que cada pessoa tinha sido designada: "Georg R a b e. Bezirksdiener für 1. Ostpreussen 2. Westpreussen 3. Pommern 4. Mecklenburg. Artur N a w r o t h. Bezirksdiener für 1. Ostschlesien 2. Grensmark. August F e h s t. Bezirksdiener für 1. Westschlesien 2. Sachsen (östlich der Elbe), nach der Festnähme den Bezirksdienern Wilhelm E n g e l, festgenommen in Dezember 36 oder Januar 37. Otto D a u t h. Bezirksdiener für 1. Berlin 2. Mark Brandenburg. Fred M e i e r. Bezirksdiener für 1. Westsachsen bis einschließlich Anhalt. Walther F r i e s e. Bezirksdiener für 1. Thüringen 2. Harsgebiet 3. [? Hannover] Heinrich D i t s c h i. Bezirksdiener für 1. Schleswig-Holstein 2. Oldenburg 3. Ruhrgebiet, Westfalen. Albert W a n d r e s. Bezirksdiener für 1. Rheinland 2. Baden 3. Württemberg. Karl S i e b e n e i c h l e r. Bezirksdiener für 1 Bayern." [Veja as fotocópias dos documentos da Gestapo: página 175, página 176 e página 177. Veja também a nota 1.] Num documento datado de 26 de abril de 1937 [veja as fotocópias desse documento: página 180 e página 181], Frost prestou as seguintes declarações à Gestapo:
Esta informação que Frost deu à Gestapo foi muito exata conforme se pode ver na Sentinela:
A Sentinela conta-nos a confusão de Elfriede quando Ilse e Frost não aparecerem para a reunião combinada:
Que gracinha! É uma pena que os anjos não se preocupassem com Frost, que estava ocupado que nem um castor fornecendo à Gestapo a informação de que eles precisavam para meter Elfriede atrás das grades algum tempo depois. Ilse Unterdörfer confirma que a Gestapo de fato prendeu Elfriede:
Sim, o traidor e mais tarde líder do escritório da filial alemã fez um bom trabalho para a Gestapo e tornou-se muito popular entre as Testemunhas de Jeová na Alemanha depois da guerra. Ele foi muito bondoso para Ilse e Elfriede e enviou-as a Brooklyn para freqüentarem a escola de Gileade. Outro pormenor interessante encontra-se nesta citação da Sociedade Torre de Vigia:
Os documentos da Gestapo mostram que a fonte das ligações de Dietschi aos Países-Baixos era Frost. Depois deste golpe da Gestapo, Frost já não lhes servia de muito, pois toda a rede clandestina da Sociedade Torre de Vigia estava destruída, exceto uns poucos indivíduos isolados que não podiam fazer grande coisa. Muitos deles foram presos até 1944, foram levados para uma "casa de correção" no distrito de Brandeburgo. Um deles, Wilhelm Schumann, estava a iniciar a filial alemã da Sociedade Torre de Vigia depois da guerra. Tanto Schumann como Frost foram depois da guerra elogiados como irmãos "fiéis" e "inabaláveis".2 Conforme foi documentado acima, Frost estava longe de ser "fiel" a alguém que não fosse ele próprio e a Gestapo. Depois de ser preso em janeiro/fevereiro de 1944, Schumann ficou confinado à casa de correção de Brandeburgo (Havel)-Görden. Schumann é mencionado no Anuário das Testemunhas de Jeová de 1975, onde se diz que ele trabalhou no Foto-Drama:
Em 1944, os dias felizes em que retocava as imagens a preto e branco do "Foto-Drama" devem ter-lhe parecido há séculos atrás, pois agora Herr Schumann tinha diante de si a dura realidade da morte. Que fez ele? Escreveu a seguinte carta:3 Tradução:
Claro que não há razão para criticar Schumann por tentar salvar a vida distanciando-se publicamente dos "Estudantes da Bíblia" (Testemunhas de Jeová) e chamar aos escritos da Sociedade Torre de Vigia "fantasias" e "ensinos falsos". Ele provavelmente também tinha boa razão para estar orgulhoso pelas suas contribuições para a máquina de guerra nazi. Mas o comportamento de Schumann, Frost e muitos outros líderes da Sociedade Torre de Vigia durante a guerra é muito, muito diferente da imagem que a literatura da Sociedade Torre de Vigia tem estado a tentar transmitir desde esse tempo.4 Tal como em todos os outros casos em que a Sociedade Torre de Vigia tenta escrever a sua própria história, não há muito dessa história que consiga resistir ao teste de uma investigação completa. Em 1989 a Sentinela escreveu o seguinte:
Conforme documentamos, a Sociedade Torre de Vigia realmente gostava dos seus traidores, gostava tanto deles que alguns destes traidores até se tornaram líderes da Sociedade Torre de Vigia na Alemanha depois da guerra.5 Erich Frost, que era provavelmente o pior traidor deles todos, foi um líder muito respeitado das Testemunhas de Jeová durante muitos, muitos anos depois da guerra. Notas1 Os detalhes completos deste assunto podem ser encontrados no livro de Rolf Nobel, Die Falschspieler Gottes: Die Wahrheit ueber Zeugen Jehovas (Hamburg, 1985); cuja fonte principal é o documento "Haftbuch Nr. 292, Gestapo Berlin, Dienststelle II B 2". Este documento da Gestapo revela que Frost não foi torturado; a fúria dele contra Fehst [uma Testemunha que o traiu] foi suficiente para ele dizer à Gestapo tudo o que eles queriam saber. Depois disto, ele passou um curto período de tempo em Sachsenhausen e depois foi transferido para a ilha britânica Alderney no Canal, ocupada pelos alemães, onde ficou até ao fim da guerra, momento em que voltou a ocupar os seus cargos como chefe da filial da Sociedade Torre de Vigia (com um novo conjunto de superintendentes de distrito, naturalmente). O último dos nomes da lista que Frost forneceu à Gestapo, Karl Siebeneichler, foi levado para o campo de concentração de Sachsenhausen, onde veio a falecer. [Fonte: J.B., Watchtower Tenta Esconder Colaboracionismo de Erich Frost. (N. do T.)] 2 Depois da guerra, a filial alemã da Sociedade Torre de Vigia emergiu novamente e o protocolo fundador foi assinado em Magdeburgo, em 9 de setembro de 1945. Entre os representantes da Sociedade Torre de Vigia que assinaram esse documento estavam Erich Frost, Johannes Schindler e Wilhelm Schumann. Portanto eles estavam claramente entre os 'muitos leais' que a Sentinela de 1.º de maio de 1989, p. 12 menciona, embora os nomes de Schindler e Schumann não sejam especificamente mencionados nessa Sentinela. Tal como Schumann, Johannes Schindler também escreveu um pedido de perdão quando estava na mesma casa de correção que Schumann. Nessa carta, Johannes Schindler também denunciou a "IBV" (Estudantes da Bíblia), portanto eles não foram "fiéis", contrariamente ao que as Testemunhas de Jeová dizem. É perfeitamente claro que pelo menos estes três líderes das Testemunhas de Jeová que assinaram o protocolo fundador da Sociedade Torre de Vigia depois da guerra, estavam muito longe de poderem ser considerados "leais". [Fonte: correspondência com N.H. (N. do T.)] 3 Manfred Gebhard, Die Zeugen Jehovas (Leipzig, Jena, Berlin: Urania-Verlag, 1970), p. 201. 5 Erich Frost foi superintendente da filial alemã das Testemunhas de Jeová entre 1945 e 1955 (A Sentinela, 15 de março de 1988, p. 21) e Konrad Franke sucedeu-lhe no cargo, entre 1955 e 1969 (A Sentinela, 1.º de maio de 1997, p. 25). (N. do T.) Informação adicional:
Índice ·
English ·
French ·
Copyright © 1998 Osarsif ·
https://osarsif.blogspot.com/2006/02/0121.html
![]() |