Os Pecados dos PaisSol Abrams
Pergunta: Segundo a Bíblia, um filho herda os pecados do seu pai? A resposta a esta pergunta tem de ser ou sim ou não; não pode ser ambas. Se a resposta baseada numa passagem da Bíblia for sim, então qualquer outra passagem da Bíblia que diga não tem de ser falsa. Analogamente, se a resposta baseada numa passagem da Bíblia for não, então qualquer outra passagem que diga sim tem de ser falsa. Acontece que há algumas passagens na Bíblia que dizem que a resposta à pergunta feita no parágrafo anterior é sim, e há outras que dizem que a resposta é não. As passagens que dizem sim são Gênesis 9:20-25; Êxodo 34:7; 2 Samuel 12:14; Isaías 14:21; e Romanos 5:19. As passagens que dizem não são Deuteronômio 24:16; Jeremias 31:30; e Ezequiel 18:20. Vou comparar 2 Samuel 12:13-14 e Deuteronômio 24:16, porque estas duas passagens ilustram esta contradição muito claramente, e ambas envolvem a matança de alguém como punição pelo pecado.
É interessante notar que Davi não só foi poupado à morte, apesar de ter pecado, mas também o seu filho foi claramente morto por causa do pecado do seu pai, contradizendo assim o versículo em Deuteronômio. O filho, de fato, tornou-se o cordeiro sacrificial para expiar os pecados do seu pai, Davi. Resumidamente, se a passagem em 2 Samuel é verdadeira, então o versículo em Deuteronômio é falso, e vice-versa. Em qualquer dos casos, isto prova que a Bíblia contém pelo menos uma declaração falsa e por isso não é isenta de erros (quod erat demonstrandum). O exemplo acima é apenas um exemplo entre mais de 200 passagens diretamente contraditórias na Bíblia, podendo qualquer par delas ser usado para refutar a infalibilidade da Bíblia. Além disso, se o versículo em Deuteronômio está correto, também prova que o conceito do pecado original está incorreto, porque esta doutrina afirma que toda a raça humana é responsável pelo alegado "pecado" de Adão. Thomas Jefferson, que não acreditava na doutrina do pecado original, declarou numa carta a James Smith (8 de dezembro de 1823): "O homem, depois de render a sua razão, não tem guarda remanescente contra os mais monstruosos absurdos e, tal como um navio sem leme, fica à mercê de todos os ventos. No caso dessas pessoas, a razão e a mente tornam-se um naufrágio." Neste assunto da inerrância bíblica, muitas pessoas lamentavelmente renderam a sua razão a uma afirmação que não é verdadeira.
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