Bete-Sarim Revisitada Para Iniciantes

Publicado por Doug Checketts (aka Farkel) em 2001.10.03 às 20:41:00 no JW Discussion Forum

Bete-Sarim

Em 4440 Braeburn Road, San Diego, Califórnia, no rico e prestigioso bairro de "Kensington Heights", encontra-se um dos maiores embaraços na longa e contínua lista de embaraços que a Sociedade Torre de Vigia (Testemunhas de Jeová) criou para si mesma.

A maioria das Testemunhas não sabe nada sobre isso, e se não fosse por alguns breves comentários sobre isso no livro Proclamadores de 1993, ainda menos Testemunhas saberiam alguma coisa sobre isso.

É a casa que já foi conhecida como Bete-Sarim (pronuncia-se "Bete-Sariiiim"), a "Casa dos Príncipes".

É uma casa com uma história que a Sociedade espera que todos esqueçam, como demonstrou pela sua histórica falta de franqueza. Na verdade, a Sociedade fez quase tudo o que podia para garantir que a sua história fosse esquecida. No primeiro livro dedicado a discutir a história das Testemunhas de Jeová, esta casa e a sua história nem sequer são mencionadas. Estou me referindo àquele grande romance de 1959 As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino, uma "história" (HAHAHAHAHAH!) do movimento das Testemunhas de Jeová. O único livro de que me lembro que tinha apresentação e enredo mais enfadonhos do que o livro Propósito Divino era um manual sobre como reconstruir transmissões de automóveis. Aliás, apenas o livro das transmissões de automóveis dizia a verdade.

Encontrei apenas algumas referências a Bete-Sarim na minha busca por comentários sobre a propriedade nos últimos 45 anos e com apenas uma exceção, NENHUMA dessas referências dizia a verdade sobre a casa e seu propósito original declarado. Aquele que disse a verdade fê-lo numa nota de rodapé, quase como uma reflexão tardia e relutante.

Esta declaração numa Sentinela de 1955 foi feita por Hazel O. Burford, enfermeira de Rutherford, nas semanas anteriores à sua morte:

"Uma semana depois, tive o privilégio de acompanhar o irmão Rutherford e seu grupo à Califórnia, onde moramos em Bete-Sarim, a "Casa dos Príncipes", durante as oito semanas seguintes, até sua morte, em 8 de janeiro de 1942." (A Sentinela, 1 de novembro de 1955, p. 655, em inglês)

Em 1976, a Sociedade menciona Bete-Sarim, mas mentiu sobre suas declarações originais sobre por que ela foi REALMENTE construída:

"DIAS FINAIS EM BETH-SARIM"

"Com o tempo, foi feita uma contribuição direta para a construção duma casa em San Diego para uso do irmão Rutherford. Ela não foi construída às custas da Sociedade Torre de Vigia (EUA). A respeito desta propriedade, declarava o livro Salvação, de 1939: "Em San Diego, Califórnia, Estados Unidos, há um terreno pequeno, no qual, em 1929, construiu-se uma casa, que se chama e se conhece como Beth-Sarim."" (Anuário das Testemunhas de Jeová de 1976, p. 194)

Esta declaração dizia claramente que a casa foi construída para "uso do irmão Rutherford". Na verdade, essa afirmação revela-se absolutamente verdadeira, como veremos. O que não é verdade é o que foi afirmado pela Sociedade durante décadas sobre o PROPÓSITO original daquela casa.

A última declaração que encontrei foi de uma Sentinela de 1992 e não nos diz quase nada:

"Muitas vezes pregávamos perto de Bete-Sarim, onde o irmão Rutherford, que na época era o presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA), e estava doente, passara os invernos antes de sua morte, em 1942. Visitávamos regularmente aquele lugar e tomávamos refeições com os servos de tempo integral locais." (A Sentinela, 1 de março de 1992, p. 27)

Bem, pelo menos sabemos que Rutherford vivia como a realeza: ele tinha servos residentes de tempo integral para atender a todas as suas necessidades.

Na década de 1940, houve apenas algumas breves menções a Bete-Sarim, mas no seu apogeu, Bete-Sarim desempenhou um papel importante e central na teologia da Torre de Vigia e no recrutamento de novos membros.

O livro Proclamadores fornece os comentários mais precisos e sinceros desde a década de 1930 e início da década de 1940 sobre por que a Sociedade disse ter encomendado a construção da casa Bete-Sarim:

"Naquela época, acreditava-se que os homens fiéis da antiguidade, tais como Abraão, José e Davi, seriam ressuscitados antes do fim deste sistema de coisas e serviriam quais "príncipes em toda a terra", em cumprimento do Salmo 45:16. Este conceito foi ajustado em 1950, quando estudos adicionais das Escrituras indicaram que esses antepassados terrestres de Jesus Cristo serão ressuscitados depois do Armagedom. -- Veja "A Sentinela" de agosto de 1951, páginas 119-21." (Testemunhas de Jeová -- Proclamadores do Reino de Deus, 1993, p. 76, nota de rodapé)

Esta era uma nota de rodapé em letras pequenas no final de uma única coluna dedicada ao assunto.

Em suma, a sociedade não tem falado muito desde a década de 1940 sobre uma casa que outrora causou tanta esperança e entusiasmo entre as Testemunhas de Jeová nos anos anteriores.

Imprensa de San Diego Dedica Muito Espaço a Bete-Sarim

Bete-Sarim custou US$ 25.000 para ser construída. Isso foi em 1929. Dois meses após a conclusão da mansão, Rutherford foi citado no San Diego Sun dizendo que lhe haviam oferecido US$ 75.000 por ela. Lembre-se de que isso ocorreu na Grande Depressão. Ultimamente tenho visto casas na vizinhança sendo vendidas por US$ 800.000 ou mais, e cada uma delas é um lixo em comparação com Bete-Sarim. Nenhuma delas tem nem perto de 479 metros quadrados (de acordo com a escritura da última venda da casa), como Bete-Sarim.

Atrás de Bete-Sarim há um desfiladeiro enorme e íngreme e não há possibilidade de construção de casas que invadam a parte de trás da casa e a privacidade que o desfiladeiro proporciona. Existem cerca de 7 casas muito menores de frente para Bete-Sarim, do outro lado da rua, no mesmo beco sem saída. Atrás dessas casas há outro enorme desfiladeiro. Nenhuma dessas casas existia quando Rutherford ocupou o local. Isso significa que Rutherford tinha enormes desfiladeiros em seu quintal, a oeste da casa e do outro lado da rua. Ele viveu em uma área muito isolada na década de 1930, isolada das outras pessoas pela própria natureza.

Aqui estão alguns dos muitos comentários feitos pela imprensa de San Diego quando Bete-Sarim apareceu pela primeira vez em cena:

"Mansão de San Diego -- com todas as melhorias modernas -- aguarda o retorno terrestre dos profetas." (San Diego Sun, 15 de março de 1930)

"A casa de Davi espera pelo proprietário." (San Diego Sun, 9 de janeiro de 1931)

Um repórter perguntou a Rutherford como ele achava que aqueles homens antigos seriam e ele respondeu que achava que chegariam em sobrecasacas, chapéus altos, bengalas e polainas!

Talvez devido ao constrangimento de uma declaração tão ridícula, um ano depois, em 1932, o folheto O Que Você Precisa mostrava uma ilustração daqueles velhos profetas em trajes antigos. Não foi a primeira vez que J. F. Rutherford disse um disparate. Nem foi a última.

Este mesmo artigo de jornal afirmava que na garagem "está um novo cupê amarelo de 16 cilindros que será entregue aos governantes junto com todos os bens pessoais do local".

Este era um carro que só podia ser adquirido pelos ultra-ricos no início da década de 1930.

Ao discutir este carro em particular, Special Interest Autos (Automóveis de Interesse Especial) #92, abril de 1986, página 21 afirma: "Naturalmente, eram os muito ricos -- e muitas vezes os famosos -- que constituíam a clientela limitada do V-16. Entre os proprietários dos carros da primeira geração estava Al Jolson... Robert Montgomery... Marlene Dietrich..." (E, claro, Joseph Franklin Rutherford, o servo "humilde" e porta-voz pessoal do próprio Todo-Poderoso Jeová Deus.)

Um Ford de 1931 custava cerca de US$ 600. O Cadillac que acabamos de mencionar custava entre US$ 5.400 e US$ 9.200 dependendo do estilo. Isso significa que o Cadillac de Rutherford custava entre NOVE e QUINZE vezes mais que um novo carro normal em sua época. Aquele carro custava muito mais do que muitas casas bonitas da época.

Ah, a propósito, Rutherford tinha DOIS desses carros. O outro era um sedã conversível guardado para uso pessoal em Brooklyn.

Bete-Sarim é Descaradamente Promovida ao Mesmo Tempo Que "Um Povo Para o Seu Nome" Recebe o Novo Nome

A maioria das Testemunhas minimamente familiarizadas com sua história conhecem o notável congresso de 1931 em Columbus, Ohio. Este foi o congresso onde, na noite anterior ao seu discurso principal, o Juiz teve uma "inspiração" para criar um novo nome para a sua religião de estimação. Esse nome era, claro, "Testemunhas de Jeová" e ele as apelidou com esse mesmo nome no dia seguinte. O que a maioria das Testemunhas de Jeová NÃO sabe é que durante o mesmo congresso as Testemunhas de Jeová circularam um boletim informativo produzido pela Sociedade chamado de Mensageiro. Nas edições de 25 e 30 de julho deste boletim informativo havia fotos e artigos, todos tratando de Bete-Sarim e qual deveria ter sido seu REAL propósito.

O Mensageiro chamou-lhe "Bete-Sarim -- Casa Sobre a Qual Muito Se Fala". (Por alguma estranha razão, o novo lema é: "Bete-Sarim, o Embaraço Sobre o Qual Esperamos Que Ninguém Fale Novamente".)

Uma foto desta mansão tinha como legenda: "Você Acha Que Davi Vai Gostar?"

O Rasto de Mentiras e Encobrimentos Começa

Originalmente, a Sociedade afirmou que Bete-Sarim foi construída com um único propósito: ser um local de residência para aqueles fiéis "notáveis da antiguidade" como Abraão, Enoque, Davi, et. al.

Ainda em 1942, William Heath Jr., um confidente de Rutherford e zelador residente da mansão Bete-Shan declarou isso perante a Comissão de Planejamento de San Diego: "a propriedade (da mansão Bete-Shan) não pode ser vendida porque é mantida em fideicomisso para as antigas Testemunhas, Abraão, Isaque, Jacó et al.,... Como consequência, é impossível que esta propriedade seja vendida a qualquer outra pessoa..."

(Bete-Shan foi vendida discretamente três anos depois.)

Declarações semelhantes foram feitas em relação a Bete-Sarim. Em resposta à pergunta: "Será que Bete-Sarim será mantida para uso perpétuo do povo do Senhor e dos 'príncipes'?", foi dada esta resposta:

"... Quando Davi e José ou alguns dos outros notáveis da antiguidade retornarem, eles a terão..." (A Idade de Ouro, 19 de março de 1930, p. 406, em inglês)

"O título daquela casa está na Sociedade, e é mantido em fideicomisso para uso perpétuo dos fiéis de Deus." (Anuário de 1931, página 36, em inglês)

Em 1942, esta mesma ladainha foi novamente cantada por Heath sobre Bete-Sarim: "Outra prova de que estes príncipes em breve assumirão cargos na terra como homens perfeitos é encontrada na profecia de Daniel... e podemos esperar ver Daniel e os outros príncipes mencionados a qualquer momento!"

(Bete-Sarim foi vendida discretamente depois que foi decidido em 1947 que seria vendida.)

É um exercício que vale a pena, seguir o rasto de evidências sobre as opiniões da Sociedade acerca daquela casa daquele ponto em diante.

Rutherford até se gabou de ter árvores e plantas nativas do solo onde viviam os notáveis da antiguidade, para que eles se sentissem "mais em casa". Okay, certo. Quão "em casa" eles se sentiriam quando vissem um carro passando, usassem um banheiro ou água corrente pela primeira vez, ouvissem rádio ou ouvissem o telefone tocar?

Quanto ao retorno dos "notáveis da antiguidade" ou "príncipes", a Sentinela de 1 de agosto de 1931 citou uma carta de uma Testemunha de Jeová que afirmava em parte: "Certamente o Senhor o orientou a construir a casa em San Diego, em preparação para o retorno deles." (p. 239, em inglês)

Se este não fosse também o ponto de vista da Sociedade, esta carta nunca teria sido publicada na revista Sentinela.

Até hoje, a Sociedade provoca tonturas nas Testemunhas toda vez que menciona o famoso discurso e folheto de Rutherford, "Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão". O discurso foi proferido pela primeira vez em Los Angeles, em 1918, e em 1920 foi publicado num folheto e distribuído aos milhões.

O que a maioria das Testemunhas não sabe ou não QUER saber é que todo o tema desta palestra girou em torno de Jeová começar a restaurar a terra a um paraíso em 1925 e ressuscitar aqueles notáveis da antiguidade! Devido à sua grande importância neste cenário, pode-se dizer que Bete-Sarim fazia parte do discurso dos "Milhões" tanto quanto a própria ressurreição e restauração do paraíso.

Originalmente, Rutherford declarou em seu discurso "Milhões": "Portanto, podemos esperar com confiança que 1925 marcará o retorno de Abraão, Isaque, Jacó e dos fiéis profetas do passado." (pp. 89, 90)

Após o fracasso colossal da sua previsão de 1925, o rasto de mentiras e encobrimentos teve o seu primeiro início ténue. Na revista Sentinela de 1 de julho de 1926, esta mentira foi impressa: "Foi declarado no livro 'Milhões' que poderíamos razoavelmente esperar que eles retornassem logo após 1925." (p. 196, em inglês)

Mas o folheto "Milhões" afirmava "podem com confiança", não "podem razoavelmente" e que "1925 IRÁ marcar o retorno", e não "esperar que eles retornem LOGO DEPOIS de 1925".

Rutherford Afoga as Suas Misérias

Evidências anedóticas credíveis mostram que, após seu enorme fiasco em 1925, o Juiz atacou na bebida com ferocidade.

Uma ex-Testemunha de Jeová que dá pelo pseudônimo de "Edward J. Ford, Jr." serviu como Testemunha de Jeová por mais de quarenta anos e trabalhou no pessoal de Betel. Ele relatou numa conversa há cerca de cinco anos que A. H. Macmillan era um visitante frequente da casa de sua família. A. H. Macmillan, você deve se lembrar, foi um famoso apologista das Testemunhas de Jeová e grande apoiador de Rutherford. Ele também escreveu o livro completamente branqueado e aprovado pela Sociedade Torre de Vigia A Fé em Marcha. Menciono isso porque Macmillan não era um "opositor" ou um "apóstata", mas uma Testemunha muito leal mesmo até sua morte. Macmillan disse ao pai de Edward Ford que o verdadeiro motivo para a construção de Bete-Sarim "não tinha outro propósito senão tirar Rutherford, bêbado e em declínio, de Brooklyn". Até mesmo Haydn Covington, um alto funcionário da Sociedade Torre de Vigia e famoso defensor dos direitos legais das Testemunhas de Jeová neste país, disse que Fred Franz declarou: "eles construíram uma casa para o juiz na Califórnia apenas para tirá-lo de Betel". Isso é irônico, já que Covington era alcoólatra praticante e foi uma vez desassociado por isso. No entanto, ele foi readmitido e "morreu fiel".

Assim, a Sociedade tem um problema com o Juiz, que se está a tornar cada vez mais errático, beligerante, muitas vezes visivelmente bêbado e um embaraço desde a sua falsa profecia de 1925. O que fazer? Para quem você liga? Bem, como quase sempre aconteceu desde os primeiros dias do Juiz até sua própria morte, você chama o "oráculo", o próprio Fred Franz! Para quem você liga? Você chama o próprio "Caçador de Profecias"! Covington afirmou que Franz "inventou a história para disfarçar... dizendo que a casa era para os antigos profetas que voltariam 'a qualquer momento'..."

Evidências do Alcoolismo de Rutherford

Apesar dos comentários de Ford, Covington e Franz (como se isso não bastasse), há outras fontes que confirmaram que o Juiz era um alcoólatra trágico. Walter Salter confirmou isso em sua carta aberta e envergonhou o Juiz ao deixar o mundo saber que o Juiz o fez contrabandear ilegalmente CAIXAS de bebida do Canadá. M. James Penton entrevistou uma senhora que afirmou ter vendido "grandes quantidades de bebidas alcoólicas" para Rutherford quando ele visitou a drogaria de seu marido em San Diego. Ela chegou ao ponto de dizer que Rutherford era um de seus "melhores clientes" quando se tratava de compras de bebidas alcoólicas.

O juiz tentou esconder o abuso de bebidas alcoólicas durante sua longa estada em Bete-Sarim? Observe este comentário interessante do Anuário de 1976 da Sociedade Torre de Vigia:

"A irmã Hazel Burford era uma das enfermeiras que cuidavam do irmão Rutherford durante a fase final de sua doença em Beth-Sarim, para onde foi levado em novembro de 1941. Ela nos conta: "Passamos momentos interessantes, pois ele chegou ao ponto em que dormia o dia inteiro e então a noite toda, ocupava-se nos assuntos da Sociedade e nos mantinha em movimento."" (Anuário das Testemunhas de Jeová de 1976, p. 194)

Agora, ISSO não é interessante? Ao estabelecer um horário de trabalho noturno (quando seus servos e convidados dormiam), Rutherford poderia se entregar com segurança às suas garrafas o quanto quisesse. Quando ele se retirava, ele poderia trancar a porta, dormir e ninguém saberia.

Exatamente Quão "Amado" era Rutherford?

Rutherford foi um homem cuja influência tocou (para melhor ou para pior) milhões de vidas. Ele moldou a Torre de Vigia de uma pequena seita em uma grande seita "Teocrática". Seus escritos foram impressos e distribuídos às dezenas de milhões. Ele foi o autocrata indiscutível e de fato que dirigiu a "Organização de Jeová" durante um quarto de século. Ele deu à sua religião de estimação o nome que ela leva até hoje. Ele institucionalizou as Testemunhas de Jeová e pôs em prática padrões de vestimenta, educação, entretenimento, discurso e doutrina que ainda têm uma grande influência sobre as Testemunhas de Jeová até hoje. Depois ele morreu. É, portanto, notável mencionar quem reservou tempo para comparecer ao seu funeral e quem NÃO reservou tempo para comparecer ao seu funeral. A. H. Macmillan declarou desapontado que havia apenas QUATRO pessoas que compareceram ao funeral de Rutherford, e NENHUM desses quatro incluía sua esposa Mary ou seu filho Malcolm. Nem incluíam qualquer outro parente dele. Seu sucessor escolhido a dedo, Nathan H. Knorr, nem se preocupou em comparecer. Nem Fred Franz, muitas vezes seu escritor fantasma e aquele que inventou todas as mentiras doutrinárias sobre Bete-Sarim para que Rutherford pudesse se entregar às suas diatribes e beber, muito, muito longe do Betel de Brooklyn.

"A Qualquer Momento"

Embora os príncipes terrenos não tenham conseguido regressar em 1925, o Juiz continuou a acreditar que regressariam "a qualquer momento". Ele continuou a acreditar nisso até sua morte em janeiro de 1942, cerca de 17 anos depois de sua previsão fracassada de 1925.

Após a morte de Rutherford, seu protegido Nathan Knorr continuou a espalhar as mesmas mentiras sobre Bete-Sarim, embora não demorasse muito para que a casa fosse vendida discretamente e a doutrina de Rutherford sobre os Príncipes fosse abandonada. É interessante notar que os antecessores dos Presidentes da Sociedade Torre de Vigia nunca fazem movimentos doutrinários rápidos e decisivos após a sua ascenção à Presidência, mesmo quando SABEM que as doutrinas estão erradas e precisam de ser mudadas. A Sociedade Torre de Vigia tem uma longa história de mudanças doutrinais sempre muito lentas, até que a doutrina original se torna irreconhecível e esquecida. Falando francamente, eles estão bastante conscientes da estupidez auto-imposta dos seus membros e acreditam que podem escapar impunes de praticamente qualquer coisa em questões de reviravoltas doutrinárias.

Em 1942 e após a morte de Rutherford, o livro The New World (O Novo Mundo) continuou com o mantra dos "príncipes ressuscitados" iniciado um quarto de século antes: os "homens fiéis do passado podem ser esperados de volta dos mortos a qualquer momento. As Escrituras dão uma boa razão para acreditar que será pouco antes do Armagedom irromper." Bete-Sarim foi mencionado na declaração de que "agora estava sob fideicomisso para a ocupação daqueles príncipes após seu retorno".

E aqui está uma verdadeira jóia do mesmo livro:

"os fatos mais recentes [fatos???? HAHAHAHAHA!] mostram que os religiosos deste mundo condenado estão rangendo os dentes por causa do testemunho que a 'Casa dos Príncipes' presta ao novo mundo." (p. 104, em inglês)

Imagine isso! Você consegue imaginar todos esses milhões de "religiosos" em todo o mundo sentados e dizendo:

"Droga! Aquela mansão em San Diego está realmente nos causando MUITOS problemas. Está ARRUINANDO nossa religião e fazendo com que centenas de milhões de nossos seguidores nos deixem, porque o cara que morava lá pensou que Davi iria bater na sua porta DEZOITO ANOS ATRÁS! O que devemos fazer sobre esse problema TÃO SÉRIO?"

Resposta de um de seus associados:

"Acho que deveríamos sentar e ranger os dentes por um tempo. Acho que também deveríamos ligar para todos os nossos colegas ao redor do mundo e dizer-lhes para sentarem e rangerem os dentes também."

"Sim, é isso! Todos nós vamos ranger os dentes! ISSO vai dar uma lição às Testemunhas de Jeová!"

Que besteira!

Falando em besteiras, me pergunto se algum tejotinha da época se fez esta pergunta:

Se o Criador do homem e de tudo o mais que existe tem o poder de devolver a vida, o corpo e a personalidade aos homens mortos há milhares e milhares de anos, por que ele precisaria usar um falso profeta bêbado para comprar terras e construir uma mansão para eles? Deus não seria facilmente capaz de conseguir ou construir uma casa adequada para eles também? E por que em San Diego, e não no Oriente Médio onde eles se sentiriam confortáveis com o terreno e onde grande parte da cultura mudou pouco desde que viveram há tantos séculos atrás?

Bem, a resposta parece óbvia para mim: Rutherford NÃO QUERIA manter nenhuma "casa sob fideicomisso" em Israel ou especialmente em países agora ocupados por muçulmanos. Eles não vendem bebida lá!

Então, para benefício de QUEM, a casa chamada Bete-Sarim foi realmente construída? Essa resposta também não é óbvia? Aqui está outro fato que tornará essa conclusão ainda mais óbvia, se isso for possível.

A Sociedade também comprou secretamente mais terras e construiu outra grande casa no Fairmont Canyon, em Bete-Sarim. Era do mesmo tamanho e qualidade de Bete-Sarim. Grande parte de sua construção foi feita à noite, com guardas posicionados na entrada da propriedade. Eles a chamavam de "Bete-Shan" e era tão secreta que só foi mencionada UMA VEZ em toda a literatura da Sociedade. Essa menção foi publicada na revista Consolation (Consolação) de 27 de maio de 1942. A escritura desta casa também continha a redação de que a casa seria mantida em fideicomisso perpétuo até o retorno dos príncipes terrestres ressuscitados. Ok, olhem que lindo. Agora temos DUAS mansões para os príncipes terrenos. Bem, talvez houvesse MUITOS daqueles príncipes terrenos, e então duas mansões eram necessárias para eles.

Exceto por um pequeno detalhe pegajoso. Bete-Shan foi construída sob a direção da Sociedade Torre de Vigia com um abrigo antiaéreo! A cerca de 76 metros da casa principal e acima do teto de concreto sólido de um metro de espessura, havia uma entrada secreta para esse abrigo em um pequeno banheiro no nível do solo. Seria necessário abrir o armário de remédios e puxar uma alavanca escondida para ter acesso a este abrigo.

Agora, por que diabos aquela casa precisaria de um abrigo antiaéreo completo com geradores de energia independentes e meses de estoque de alimentos, afinal? Não poderia Jeová dos Exércitos proteger aquelas almas que ele ressuscitou para liderar a Terra de algumas bombas japonesas, pelo amor de Deus? Aparentemente, o Juiz não pensava assim. Ou isso, ou ele pode ter pensado que Jeová seria capaz de proteger os príncipes terrestres, mas NÃO seria capaz de salvar seu próprio traseiro caso San Diego fosse atacada pelo inimigo japonês.

No entanto, a sociedade até mentiu sobre ISSO. Tenha em mente que a sociedade apenas UMA VEZ mencionou Bete-Shan em suas publicações e essa menção foi apenas como um possível cemitério para o Juiz. Nenhum abrigo antiaéreo em Bete-Shan foi mencionado nas publicações da Sociedade. No entanto, os rumores começaram e a Sociedade fez tentativas tortuosas para reprimi-los.

Na Sentinela de 1 de junho de 1940, na página 162 (em inglês), sob o título "Relatos Falsos", a sociedade declara: "Alguma pessoa não confiável é responsável pela circulação de um relato de que Bete-Sarim está sendo ampliada como um local de segurança e que este está sendo construído pela Sociedade. Não há absolutamente nenhuma palavra de verdade no relatório."

Esta negação da Sociedade é válida, mas também enganosa. Não era Bete-Sarim que estava sendo construída como um local de segurança, mas Bete-Shan, que significa "Casa de Segurança" em hebraico! E era Bete-Shan que tinha o abrigo antiaéreo. A Sociedade foi honesta e sincera sobre "corrigir" o boato e dizer a verdade sobre Bete-Shan? Não. Como afirmado, a Sociedade mencionou Bete-Shan apenas uma vez e foi sobre o uso da propriedade para enterrar o Juiz.

Perguntas Óbvias Que Precisam Ser Feitas

Qualquer pessoa capaz de formar um mínimo de pensamento racional faria estas perguntas simples sobre Bete-Sarim:

• Se Jeová podia ressuscitar pessoas mortas há milênios, por que não poderia também fornecer-lhes boas moradias? Por que ele permitiria que preciosos recursos monetários fossem desperdiçados em duas mansões durante duas décadas, quando poderiam ter sido usados para expandir a "obra de pregação"?
  
  
• Por que desejaria Jeová que todos estes notáveis da antiguidade vivessem na mesma casa, e por que essa casa seria em San Diego, Califórnia?
  
  
• Se esses profetas assumissem a liderança da terra, não seriam espalhados por todo o mundo para serem mais eficazes no seu governo?
  
  
• Por que permitiria Jeová que fosse construído um abrigo antiaéreo para sua "proteção" numa propriedade que era mantida "perpetuamente" para seu benefício exclusivo?
  
  
• E se o abrigo antiaéreo não fosse para a proteção deles, mas para a proteção de Rutherford e companhia, por que Jeová não seria capaz de proteger Rutherford da mesma forma que protegeria os notáveis da antiguidade?
  
  
• Por que Jeová aprovaria um Cadillac COUPE novinho em folha para transporte daqueles notáveis da antiguidade? Por que não uma VAN ou um veículo capaz de transportar mais de dois ou três deles ao mesmo tempo? Um carro fabulosamente caro e exótico como um Cadillac amarelo não pareceria pretensioso e ostentoso para esses "humildes" antigos usarem como transporte?
  
  
• Por que Jeová não ressuscitaria estes antigos no terreno e numa cultura com os quais estavam mais familiarizados, para que a sua transição para a vida moderna fosse mais fácil? Por que, em vez disso, Jeová os ressuscitaria, dando-lhes sobrecasacas, cartolas e POLAINAS? Por que, em vez disso, Jeová lhes daria uma casa com iluminação elétrica, vasos sanitários com descarga, uma cozinha moderna e telefone? Isso não seria um grande choque cultural para eles a princípio?
  
  
• Não seria bastante cruel da parte de Jeová colocar os pobres velhos e fracos de vontade Ló e Noé em torno de um dos maiores estoques privados de bebidas alcoólicas que se possa imaginar? :-)
  
  
• Dada a propensão de Davi para escapadelas, ele não ficaria tentado a abater o marido de Bonnie Boyd e tomá-la para si? :-)
  
  
• E, sem dúvida, a pergunta mais importante de todas: "Por que Jeová usaria um tirano alcoólatra destroçado, abusivo e delirante para inventar todos esses disparates?"

Talvez a verdadeira resposta tenha vindo do próprio Rutherford, conforme citado na Sentinela de 15 de maio de 1930, p. 154 (em inglês):

"Como podemos saber se alguém é um verdadeiro ou um falso profeta? Se ele for um verdadeiro profeta, sua mensagem se cumprirá exatamente como foi profetizado. Se ele for um falso profeta, sua profecia não se cumprirá."

Nota

Desejo dar o devido reconhecimento ao Professor Edmund C. Gruss e Leonard Chretien e ao seu livro, Jehovah's Witnesses -- Their Monuments to False Prophecy (Testemunhas de Jeová -- Seus Monumentos às Falsas Profecias). Foram eles os responsáveis por toda a pesquisa árdua que aproveitei e resumi. Meu comentário tocou apenas alguns dos fatos fascinantes encontrados em seu livro de 300 páginas. Esse livro concentra-se apenas em três questões: 1) Russell e Piramidologia, 2) Bete-Sarim e 3) Bete-Shan. Está repleto de fotos das propriedades, fotocópias de documentos originais da Sociedade Torre de Vigia, artigos de jornais de San Diego e documentos legais relativos a essas duas casas. Ao contrário de roubar qualquer destaque do livro, espero ter apenas aguçado o apetite daqueles que estão interessados em aprender a verdade sobre Bete-Sarim e Bete-Shan. Eu apenas toquei a superfície neste breve comentário. Monumentos às Falsas Profecias também tem um preço modesto e é uma adição valiosa para qualquer pessoa seriamente interessada na história das Testemunhas de Jeová.

Também estou grato a Randy Watters por generosamente me fornecer uma cópia deste excelente trabalho de referência e a Jan Groenveld por me fornecer informações suficientes para que eu pudesse localizar Ed Gruss e discutir longamente sobre Bete-Sarim com ele por telefone.